Feliz Idade- Balneário Camboriú

15:26


Os anos passam e não há nada que possamos fazer para mudar isso. Há pessoas que reclamam da segunda-feira, do trabalho, da comida, da aparência e tantas outras pela idade.
O tempo em geral nos incomoda. O contar das horas se estende quando ansiamos por certa chegada, no entanto, passam voando quando entretidos.
Se temos 15 anos queremos logo os 18. Porém, se temos 30, já começamos a choramingar pela proximidade dos 40 e assim por diante. De fato, somos criaturas difíceis de serem agradadas.
Perdemos dias pensando em um futuro que não sabemos se irá chegar. Sofremos pela antecedência e, por vezes, nos preocupamos com coisas que nem ao menos acontecerão. A incapacidade de admirar o que nos foi dado não nos deixa amar nosso presente.
Olhamos ao redor e ainda sim caímos em nosso próprio ego, a vontade é de que o universo gire em torno de nós mesmos. Nada pode sair diferente do que imaginamos, pois logo começa o drama. 
A vida é mais do que a perfeição idealizada e pude notar isso em Balneário Camboriú. Quando escolhemos abraçar aquilo que a vida nos oferece, ganhamos finais surpreendentes. .
Havia uma enorme fila e se tivéssemos chego minutos mais cedo, já teríamos subido nos bondinhos tão desejados pelos turistas. O parque de fato nunca ficava tão lotado, portanto não era fácil adivinhar que aquilo iria acontecer, mas aconteceu.
Ônibus e mais ônibus haviam acabado de desembarcar senhores e senhorinhas vindos de todo o Mercosul, animados pelo encontro da Feliz Idade que os reunia. Os passageiros já haviam se localizado e entrado nas filas, enquanto nós ficamos apertados nos últimos lugares.
Mais de uma hora em pé na fila seria insuportável, eu já previa. Seria insuportável para mim e meu mau humor recém adquirido, mas não para aquelas senhorinhas simpáticas.
Estabeleceu- se a cantoria, que eu acredito, era o hino do grupo. Logo, a sequência pediu músicas antigas do Brasil e também da Argentina. Cessava o canto e começava a comunicação entre todas eles e pra minha surpresa, conosco. Algumas brincadeiras e risadas depois, nossa vez chegou (mais de uma hora de fila, confesso). O tempo passou mais rápido do que o relógio pode girar os ponteiros.
Assim, eu questiono se foi a idade que importou de alguma maneira, se foi a classe social ou qualquer outro estereótipo. Mas, sei que não foi. O que importou foi a paciência e a alegria não só de um, mas do todo. A forma geral como se mantiveram unidos e como encararam cada minuto como uma benção.
Cada minuto naquela fila poderia ter sido perdido por lamentações e reclamações. Ao contrário disso, fizeram-no memorável.
O que faz da vida triste ou alegre todos os dias são as nossas escolhas. Independente das pedras e das bifurcações, o caminho deve ser admirado e valorizado. Temos que fazer cada segundo ser lembrado e aqueles senhores e senhorinhas fizeram isso a mim que só tenho a agradecer e recordar, para ser mais como eles.

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