Você não ama os jornalistas

12:06

verdade e ética no jornalismo

Você dá boa noite para TV, mas o fato é que você dá boa noite pra qualquer um, até quando a noite em questão nem está tão boa assim. E a gente entra na faculdade pensando que, ao terminar o curso de jornalismo, uma mecha branca vai aparecer no cabelo e teremos toda a sua devoção. William Bonner que prepare a aposentadoria!

A verdade é que teremos sorte se a mecha realmente aparecer até a metade do curso e pudermos pintá-la de rosa ou azul... depois, partir pra publicidade.

Mas, estou divagando. O motivo que me leva a escrever não é o jornalismo em questão, e sim, o que as pessoas acham que é.

Nós aprendemos em primeiro lugar, sobre a verdade e a ética. Aprendemos a conferir três vezes as respostas e fontes que conseguimos. Então aprendemos a sermos imparciais e a não dar nossa opinião a menos que seja solicitada. Aprendemos a não rebater quando discordamos e a aceitar argumentos nos preocupando apenas com a veracidade dos fatos.

Então, depois de tudo, surge uma criatura que se diz formador de opinião e ataca com publicações histéricas nas redes sociais e provoca comentários dos quais não gosta e fuzila todos eles. Este, é o nosso sensacionalista. Nós o odiamos tanto quanto o ser humano do bem odeia. O ser humano do bem é aquele que zela pela ordem dos lados certo e errado da humanidade, permanecendo sempre com destreza do lado certo.

Por fim, todos estão tão certos e convictos quando encontram os jornalistas e procuram por um microfone ou uma câmera escondida. É claro, os jornalistas de alguma forma são bem informados e fazem perguntas indiscretas sempre querendo aparecer. Então, é óbvio que estamos na “caçada”, inclusive agora. Ou não?

A mente do jornalista deve ser algo inquietante e curioso. No entanto, no momento eu estou inquieta pela chegada da hora do almoço e curiosa pelo que será servido no restaurante da esquina. Nada tão interessante, não é?

Ah, é interessante. É porque as pessoas do bem pensam que não estamos simplesmente almoçando. Estamos envolvidos em uma investigação criminosa sobre a procedência real dos alimentos e que se não acharmos um culpado, inventaremos um.

A pessoa do bem (e consequentemente não um jornalista, já que não dá pra ser os dois) não faz ideia que acabou de reproduzir uma frase que ouviu na tv ou no impresso. Mas, não tem problema, a frase está a salvo quando sai da humilde boca de um ser humano do bem. O sensacionalista, joga mais lenha na fogueira.

Sim, eu concordo que existem jornalistas corruptos, assim como existem jornalistas desinformados, políticos corruptos, políticos desinformados, professores desinformados e por isso corruptos, policiais corruptos portanto bem informados... e assim por diante.
Mas, você não ama os jornalistas porque eles fazem perguntas que você não quer responder e que não pode mentir quando sabe que eles já têm as respostas. Você não ama os jornalistas porque eles trazem todas aquelas notícias terríveis bem quando as crianças ainda não foram dormir. Você não ama os jornalistas porque as emissoras quase sempre os fazem defender, nas entrelinhas, aquele partido que você odeia. Você não ama os jornalistas porque eles se esgueiram e fazem fofoca sobre o seu ídolo e sobre o deles também. Você não ama os jornalistas, mesmo se você for um. Afinal, os jornalistas não nasceram para serem amados. Os jornalistas nasceram pela verdade e pela ética, mesmo que muitos deles tenham se esquecido.

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