Uma verdade calada- Homenagem aos profissionais de saúde
15:55
Era uma pequena sala, lotada de gente e de
histórias silenciadas. Mistério e tristeza pairavam no ar em um misto de
cheiros de remédios e limpeza, característicos de hospitais.
No canto esquerdo, o marido segurava a mão da
esposa. Uma mulher, no centro, segurava o choro. Uma senhora segurava o
inalador. Outro senhor, sozinho, segurava-se à parede como se ela se mexesse. Uma
jovem segurava a ânsia.
Ele, a quem eu estava acompanhando, segurava o
próprio braço para aplicarem uma injeção, além do próprio medo que escapava pelo
franzir dos olhos.
Eu observava tudo, enquanto o enfermeiro claramente
segurava muito mais do que conseguia aguentar.
Engana-se quem pensa que só aquela sala
existia. Por trás das portas, um movimento ligeiro de médicos, biomédicos,
técnicos e auxiliares, acontecia.
Não havia panelas, gritos, palmas ou cantos. Não
havia janelas, sacadas ou ruas. Somente um único pilar que sustentava diversas estruturas
enfraquecidas. De onde vem essa sua força?
Curiosa que sou, sempre tentei ler
comportamentos e imaginar o que haveria por trás do que realmente queremos
mostrar, quando apenas perguntas e respostas não eram suficientes. Talvez seja por
isso que essa cena não sai da minha cabeça. Uma verdade calada.
Cada um dos pacientes conhecia as próprias
dores tão bem e, ainda assim, de nada adiantava. No fim, você percebe que nada
do que você queria ontem é o que você precisa hoje.
As viagens que não viveu, os carros de luxo, os
celulares no comercial, ver os números subindo na conta e usar as roupas novas
que você comprou... Embora os bens materiais fizessem algum sentido no começo,
com o tempo, a falta que nasce no coração antes de desaguar vem daquilo que não
se pode pagar.
Fazem
falta o abraço, a presença, a notícia boa e a mão amiga. Fazem falta a
preocupação de um desconhecido e o rosto cansado que ainda esboça um sorriso
encorajador sem plateia alguma.
De
onde vem essa sua força?
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