Insubstituível
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Nós trocamos
nossos celulares por celulares mais modernos, trocamos nossos carros por carros
mais confortáveis, nossas casas por casas maiores. Por fim, trocamos tudo o que
temos por outras que fazem as mesmas coisas, porém mais novas.
O que mais me
assusta, no entanto, é constante infelicidade em que nos encontramos. Nada mais
nos satisfaz. Não existe um só lugar que seja melhor do que aquele em que ainda
não tivemos oportunidade de estar, não existe pessoa melhor do que aquela que
ainda não tocamos.
Às vezes acho
que estou me repetindo, já falei diversas vezes sobre a inconstância dos seres
humanos. Mas, por fim compreendi que não sou eu que estou me repetindo e sim as
histórias.
Hoje mesmo ouvi
comentários que me assombram. E até agora não sei por que a mulher que passa na
outra calçada é mais bonita do que a que está ao seu lado? Que gana é essa de
esticar os olhos pra ver o rebolado da vizinha? Pular a mureta, o muro, a
muralha, a cerca e por fim descobrir o que o capricho lhe custou. Ou pior,
perder sem nem ao menos se dar conta.
Será que vale
mesmo a pena trocar a sua paz por um momento? Será que vale mesmo a pena estar
nos planos da meia noite de alguém? Tudo, tudo acaba. E quando estas noites
acabarem? Quem vai fazer os seus olhos mais felizes de manhã?
Celulares,
carros e casas são substituíveis. Lugares são conquistáveis. As pessoas são
únicas. Substituir é o que te convém agora, enquanto a monotonia toma conta do
seu coração. Mas e depois? Quando não tiver mais forças para alçar em busca de
novidades, quando a futilidade virar rotina... lá estará você e a monotonia de
novo, desta vez sozinhos.
Se engana quem diz que as pessoas são
insubstituíveis, pois não são. Ninguém sorri ou mesmo trabalha como outro, a menos
que você fale por si só que não faz falta a ninguém, nem mesmo a sua família.
Se for isso, então vai ter que achar urgente um bom motivo para ser lembrado,
porque ninguém faz hora à toa nesse mundo.
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