Profissional em ser feliz
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Tão intenso e inesperado quanto o vento que
intruso e curioso não pede permissão para levar as coisas mais leves... Seja
leve e voará para longe, seja leve e voará onde ninguém conseguirá te
alcançar... Seja leve e terá o céu tão perto que caberá dentro de ti.
Não foi ela quem pediu para que as coisas
acontecessem do jeito que aconteceram. Ela às vezes pensava coisas ruins, e
quem não pensa? Mas não as desejava a ninguém.
Quem dera pudesse ver, saber e decidir o destino
seu e dele também. Talvez a monotonia a alcançasse algum dia, porém arriscaria
decidir quais pedras encontraria no seu caminho em troca de um pouco da emoção
exagerada de não perceber onde tudo vai dar.
Quando o tédio tomasse conta da sua rotina ela
fugiria. Iria para dentro dos seus pensamentos e o levaria consigo. Assim ela
queria. Ah, mas se soubesse para onde os pássaros voam. Pegaria carona.
Era um espírito livre e para isto cura não há.
Todos bem sabem que algumas pessoas nasceram densas, propensas a ir atrás
daquilo que querem quando já tem o que precisam. E ela era assim, só não sabia
que ele também.
Foi um passo de cada vez, sem nem saber que
conseguiria o que queria. E conseguiu. Conseguiu isso e mais uma porção de
coisas que cada vez a afastava mais daquilo que ela já tinha. É sempre assim,
você tem dois caminhos e tem que escolher, as vezes nem enxerga todos eles, mas
vai enxergar assim que decidir para onde vai.
Um dia aquela cordinha que liga todos nós se
esticará tanto que romperá um lado para ligar-se ao outro. Bom ou ruim, a
cordinha não está mais inteira e você não pode remendá-la.
Não sei dizer se foi ele ou ela que esticou
demais a tal da corda, no entanto se perderam. Se tentassem voltar, se
buscassem os caminhos percorridos ainda juntos, quem sabe tivessem um
reencontro. Mas a ânsia de descobrir o que havia mais à frente não permitiu.
Seguiram aleatoriamente até os seus pés cansarem demais para poder se quer
arrastá-los.
Foi então que perceberam que fama não é
felicidade, dinheiro não é garantia, conseguir não é o mesmo que conquistar e
chegar a algum lugar não significa que se chegou onde deveria.
Ouço pessoas reclamarem que o amor chegou tarde
em suas vidas e me pergunto se não foram estas pessoas que descobriram o amor
tarde demais. Às vezes dormimos esperando que uma fada madrinha caia a nossa
frente com presentes reluzentes como ouro e acordamos velhos demais para coisas
simples como o amor e a amizade. Sonhamos com a glória idealizada, desejamos
reconhecimento mundial. Queremos tantas coisas e nos tornamos tão pequenos que,
em passos de formiga, toda a eternidade não nos bastaria.
Cobiçamos a vida alheia na revista de fofocas,
o rosto das atrizes e maridos em potencial. Os famosos estão quase sempre
casando e descasando, sorrindo para fotos, comendo qualquer prato de nome
esquisito em restaurante chique, rebocando a cara com quilos de maquiagem para
não aparecer qualquer denúncia da sua verdadeira face. Acaba que a vida
profissional, o nome ecoando por aí, os flashes, tudo isso vai se acumulando
como prêmio em alguma estante empoeirada. E, de repente, a vida daquele
casalzinho velhinho sentado lá na praça da pequena cidade do interior parece
bem mais grata.
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