Trinta e quantos?
18:12
Olhamos
sempre acima de nós mesmos. Procuramos algo que não podemos alcançar. Se pudéssemos,
de nada valeria. Essa sede de conquistar o mundo é, afinal, o que nos move.
Culpamos
as entidades divinas que não zelam por nós. Ainda não entendemos que anjos não
precisam morar no céu para operar milagres. Que anjos não precisam ter asas,
tampouco reluzir.
Todos
os dias voam palavras amarguradas, copos estilhaçados e portas enervadas. Todos
os dias ouve-se a cacofonia de solas em passos vacilantes.
Há
sorrisos enviesados no café da manhã, almoços indigestos e jantares de
negócios. O que sobra de verdade para nós?
Tem
sempre alguém dizendo como você deve se vestir e quantas calorias você vai
ingerir naquele bolinho. Tem sempre alguém comentando sobre o que você fez ou
vai fazer. Opinando sobre amor, comportamento e ética. O que sobra para nós?
Existe
um roteiro traçado com idade para se casar, para ter filhos, para viver.
Você
vai gerir o negócio dos seus pais. Ser fluente em cinco línguas, dominar
tecnologia, mercado e comunicação. Vai acompanhar tendências, ser fitness e
style. Você vai ser sempre melhor, nunca bom o suficiente.
Tempo
é dinheiro e você quer ser rico. Mas, quem não quer? É seu aniversário, trinta
e quantos? Ainda se comporta como se tivesse 18. Não com a mesma energia...
Ainda assim, toda a irreverência e inconsequência dos 18. Quando volta a ter
trinta e tantos, passa os dias repetindo pra si mesmo: só estou cansado.
Você
diz que é só cansaço. Logo passa. Sim, é cansaço. Um cansaço de uma vida não
vivida, um cansaço que só vai passar quando você deixar que de gritar
inutilidades.
Não
faça dos sonhos sua própria prisão, há um limite para insistências, há um
limite para desistências.
Andamos
em círculos. Hamsters em um pequeno globo. Ah, a zona de conforto! Há um novo caminho
e muitas decisões. Quem sabe, parar de girar e se arriscar lá fora?
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