A cabana. Sobre a história que trai seus conceitos
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Na semana passada fui ao
cinema assistir “A cabana”, que é baseado no livro de mesmo
nome do escritor canadense William P. Young, lançado em 2007 nos Estados
Unidos. Eu confesso que já havia ouvido muito sobre o livro e que ainda não
tive tempo de ler, agora, minha vontade de ler, só aumentou.
Você chega
na sala escura jurando que não vai chorar e minutos depois percebe que não só
você, mas todos os outros expectadores estão em um coro: “snif! Snif!”.
E não se
engane, a história não é somente triste. Não se resume ao drama que te faz
chorar de propósito, não é aquele enredo que te obriga a chorar para ganhar o
título “emocionante” quando você contar aos seus amigos.
Não é o
tipo de filme que te faz querer sair logo dali para acabar com a dor. Ele te
prende. A Cabana não é uma história que te comove ou entristece, ela te incomoda. Não te
incomoda como a pancada com o dedinho no pé da cama. Te incomoda como se ver
amarrotado em frente seu espelho. Isso porque nas primeiras cenas do filme você
só consegue se perguntar: Como alguém pode ser tão cruel?
Você odeia
diversos personagens enquanto eles torturam uns aos outros. Você os condenaria
a morte e depois ao inferno, se pudesse.
Mas, o que
acontece em seguida, te faz mais do que chorar. Te abala. Você passou mais da
metade do filme julgando os personagens e de repente alguém puxa o seu tapete e
te faz cair sobre sua própria vergonha.
Então vem
a pergunta: “Você ainda quer ser o juiz?”. Ecoa a sala até os seus ouvidos.
Você repete internamente a pergunta e não quer responder. No entanto, você
sabe. Sabe que você não suportaria ser o juiz por nem mais um segundo.
Fixa os
olhos na tela e espera. É avassalador. Perceber o quanto você foi impiedoso por
tanto tempo é revoltante. Mas, você não pode se revoltar. Não pode culpar
alguém, nem mesmo a si próprio.
A vida
sempre se resumiu em fazer o que é certo ou ser castigado pelo errado. Você
sempre teve que escolher um lado e assim surgiram as guerras. Todos apontando
dedos em direção daquilo que não entendiam. Nunca procurou saber porque
determinado indivíduo escolheu o lado direito ou esquerdo. Você apenas
determinou um padrão a seguir e quem cruzasse aquela linha, deveria ser punido.
Como você
determina que algo é errado ou certo? Como algo pode ser julgado como bom ou
ruim? E acima de tudo, quem é você para estabelecer o padrão e punir pelas
infrações? Você não é nada!
Implora a
Deus que resolva todas as questões, que puna quem Ele acredita que deve, clama
em seu temor pela ira divina. Descobre que o livre arbítrio tem suas
consequências, mas que pai algum condenaria os filhos ao inferno. Vê o
desesperador vazio e decide não preenchê-lo mais com conceitos idealizados.
Você quer apenas viver, agora, da melhor maneira possível. O que está no espaço
do outro não cabe a você opinar, se puder ajudar, ajude. Se não puder, confia.
A Cabana com certeza mudou meus conceitos e me fez repensar sobre certo e errado, além de me fazer compreender que o perdão não é somente para os outros, é um livramento para nós mesmos. Não deixe de assistir ou ler o livro.
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