Assume
01:39
Ele era composto de um
misto de sentimentos e confesso que, talvez, sempre será. Um rosto entre tantos
que de tão comum tornou-se parte de mim.
Um simples clique
bastou, afinal os romances agora começam assim. Começam e terminam com um
clique. Era uma imagem em um aplicativo gratuito... Até nos descobrirmos mais
do que isso.
Tive a impressão de
tê-lo visto em algum lugar. Me chamou. Atendi. Tive a impressão de tê-lo
cumprimentado tempos antes. Fugi. Me encontrou.
Às vezes o destino tem
dessas peças. Aquele encontro inevitável ou o choque certeiro que fingiu não
prever. Tudo obra de um plano maior.
E, quem sabe, se eu não
tivesse encontrado seu perfil sem querer, não ido àquela festa ou, envolvida em
um daquelas dias mais corridos, deixado passar... Quem sabe o que poderia ter
acontecido? Não. Eu esbarrei em você, você em mim. E de fato, hoje pouco
importa. Aquele abraço estava escrito nos livros divinos que falam de nós.
Aquele abraço que caberia o mundo todo e mesmo assim, naquele momento, era só
meu.
De volta aos
sentimentos, costumava ser aquela sensação de “parece alguém que eu conheço”.
Em seguida, pela peripécia do destino, passou a ser aquele esquecimento
repentino só para poder me lembrar depois, todo o tempo.
A distância fez o resto.
Veio o sentimento de impossibilidade. Ah, como o impossível me atrai. Cantou,
me encantou. Fez palavras romperem quilômetros arrastando melodias.
- Toca aquela que eu
gosto?
Pedi e foi a primeira
vez que menti. Gostava de todas, gostava de poder ouvir o timbre da sua voz tão
perto da minha. Assim, mais uma vez, se transformou. Se tornou felicidade.
Felicidade que não é só sentimento, é expressão. Arrancou meu riso inúmeras
vezes e acho que na última, o sequestrou.
Virou saudade. Saudade
clichê. Aquela conhecida que inquieta corações, comove leitores e mata de dor.
Virou saudade daquela bonita que parece ter cor e nunca mais se permite ver.
Virou saudade, virou amor.
Amor de cinema, de vida
real. Amor que tem cheiro e som. Amor daqueles que demora para ficha cair.
Daqueles que você acorda e continua sonhando, daqueles que você escuta o que o
outro não disse. Que ama as qualidades e se apaixona pela falta delas. Amor que
completa e depois, se esvazia.
Ah, mas eu previ o fim.
Tão próximo e intenso, eu sabia. Fechei os olhos e adormeci. Esperei, me
preparei. Não bastou. De salto, inesperado, o acolhi.
Percebi
então, que a eternidade não determina a intensidade. Dura o tempo que durar,
dói o quanto deve doer e ama o quanto sente amor. Não explica, não complica,
encontra a paz.
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