O melhor de mim
03:07
Nós nos olhamos e
dissemos muitas coisas sem dizer uma palavra qualquer. Sabíamos que a melhor
frase elaborada não caberia tão cedo. Melhor assim, melhor quem cala do que
quem fala e nada diz.
Não era um amigo
caro, nem tão pouco interesseiro. Não desejava que fosse nada mais do que era
naquele momento. Desejava que estivesse por perto em dias de chuva forte ou de
sol radiante. Desejava que fosse exatamente aquilo que era, nada menos sincero,
nada mais que não pudesse ser. Sentia que desejávamos o mesmo.
Tempos depois do nosso
primeiro encontro estávamos plenamente ligados. Era algo único, inexplicável.
Podíamos fazer várias coisas juntos. Passear, ver filmes, brincar como se
fossemos ainda crianças.
E se você me
pedisse agora, ou em outro momento, para que lhe contasse como foi que eu soube
que era ele, não diria. Não saberia dizer. Se me pedisse agora ou em outro
momento para que lhes contasse um fato memorável, não diria. Não saberia dizer.
O mesmo aconteceria com todas as outras explicações imagináveis.
Não me vêm à mente
perguntas ou respostas, apenas afirmações. É ele. Eu o amo. Eu o admiro. Eu me
sinto bem.
Hoje, as pessoas
querem entender tudo sem pensar em nada. Querem motivos concretos para
sentimentos abstratos. Eu não sei contar amor ou gastar sentimento. Sei somar
amizades e juntar lembranças.
Sei que o menor dos
seres merece atenção, a pior das criaturas merece compreensão e mesmo os
culpados merecem perdão. Ele merece o melhor de mim.
Não é mais, não é
menos. É comum e paciente, é companheiro e compreensível. Alguém para se
aproveitar cada minuto feliz e multiplicá-los.
Quem é ele? Tem pelos, focinho gelado, quatro patas inquietas
e um coração enorme. Ele me ouve atentamente, e eu o entendo em cada olhar. Sei
que ele me entende também. Sem cobranças, sem arrependimentos. Apenas uma
riqueza de amor para dar.
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