Bons costumes

13:24

abaixar a cabeça e ceder por educação não são o caminho

A única ironia nas minhas manhãs é ter que dizer bom dia quando o dia não está tão bom assim, com aquela famosa expressão que nos permite, por um momento, falar com estranhos e sermos falsos em pequenas doses. Então me pego nesse dilema, de tantas outras formas, com tantas outras palavras plagiadas.
E, ignorando os conselhos de mamãe, falando com estranhos quais não conheço e por hora, não desejo conhecer. Repito como um mantra:
- Bom dia, bom dia, bom dia! - roboticamente como se fosse tornar real.
Ah, os bons costumes! Os bons costumes que nos obrigam a resumir sentimentos e caráter em pequenas expressões. 
Então, me desculpe, me desculpe pelo que não tenho culpa. Com licença, quando pisam dolorosamente no meu pé. Por favor, quando pela milésima vez, se pede o que já deveriam ter feito. Não tem de que, quando recebo um “obrigado” pelo que deveriam ter me pago.
Sem dúvidas, o pior de todos é o agradecimento. Difícil encontrar um ser humano grato. Daqueles que agradece verdadeiramente aos céus, a vida, o mundo e tudo o que há nele (sem ser só pra se livrar da conta). No entanto, existem. Existem e eu conheci um.
Conheci alguém, um amigo, tão bom que dizia todos os dias e a todo momento uma sequência interminável de bom dia, com licença, você pode por favor, obrigado e desculpe qualquer coisa.
Educado, simples e prestativo. Não havia nada que não pudesse lhe pedir ou que ele não pudesse fazer. Chegava a irritar o modo com que batia na porta, pedia licença pra entrar e depois desculpas ao sair. Desnecessário, porém, o diferenciava de todos a minha volta.
E se diferencial é algo vital no mundo dos negócios, preciso agora rever os conceitos de diferencial. Pois, mesmo sendo educado, prestativo e bem humorado, em nada resultou.
Assim como ele era bom, existiam milhares de outras pessoas que eram ruins. Se não ruins, ao menos, aproveitadoras. Sempre tinha alguém pra levar o mérito, alguém pra entrar pela porta rapidamente enquanto ele se preocupava se devia pedir licença ou desculpas.
Não, não é errado agradecer ou pedir desculpas às vezes. É errado quando em demasia. Não se pode dar todo o crédito ou carregar todo ele, é preciso dividir.
Talvez, alguém tenha lhe dado uma chance. Mas, foi você quem a agarrou e fez valer. Talvez, alguém tenha te ensinado. Mas, foi você quem aprendeu e não faltou às aulas. Todos precisam de ajuda, mas não se deixe acreditar que só conseguiu por ela. Não se pode dever tudo a outro, pois em troca, vai acabar sem nada.

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