Nada vem de graça- Escândalo Cambrigde X Facebook
15:57
“Que Brasil você quer para o futuro?”
O escândalo envolvendo a rede social
Facebook e a consultoria Cambrigde
Analytica discute sobre fornecimento de dados de forma ilegal e manipulação, que podem ter influenciado as eleições
americanas de 2016.
Ao que se sabe, informações de pelo menos
87 milhões de usuários podem ter sido obtidas pela Cambrigde Analytica por meio
do teste psicológico This is You Digital Life, criado pelo psicólogo Aleksandr
Kogan. Esses dados podem ter sido usados para o desenvolvimento de ações de
marketing político e favorecido Donald Trump.
No meu ponto de vista, o problema real não
se trata do quanto podem e tentam nos influenciar, mas sim do quanto nos
deixamos levar por essas influências. Perguntas aparentemente inofensivas e sem
valor, podem nos afetar. É aquele tal negócio: nada vem de graça.
Fornecemos informações constantemente e de
forma pública no Facebook, Instagram e outros meios. Está tudo na rede, é só
pegar. Compartilhamos de maneira espontânea nossos medos, questionamentos,
opiniões, lugares dos quais frequentamos, nossos gostos e mais uma infinidade
de respostas aos segmentos mais improváveis de conseguirem simplesmente nos
perguntando, cara a cara, como um amigo próximo. Até nos surpreendemos e
achamos bacana a forma como essas redes passam a nos oferecer sugestões com
base nas nossas preferências. Nós gostamos de nos mostrar para o mundo, de nos sentirmos
importantes e acolhidos através de um perfil elaborado.
Gostamos de mostrar para o mundo, no
entanto, não gostamos do que o mundo, ou pelo menos a parte que rege o poder
sobre ele, faz com aquilo que mostramos, curtimos e compartilhamos. A
psicometria já existia, nós apenas não entendíamos como ela funciona e como
poderia ser usada.
Se é ético ou não, se é contra lei ou não,
isso é uma discussão para outros órgãos. No momento, foquemos apenas em “porque
funciona?”.
Funciona porque nós mesmos fornecemos as
informações necessárias todos os dias. Nos revelamos pouco a pouco através das
redes sociais e gostamos de ouvir aquilo que queremos ouvir. Então, porque ao
invés de nos dizerem apenas a verdade única e universal, não pegam nossas
informações e criam uma centena de novas formas de apresentação e nos
direcionam uma resposta pensada exatamente naquilo que gostaríamos que nos
dissessem? O que vocês acham que nos atrai mais?
Também somos responsáveis pelos nossos
atos, influenciados ou não. Somos responsáveis por colaborar com a nossa
exposição nas redes sociais, somos responsáveis quando nos deixamos iludir por
palavras. Temos que abrir nossos olhos e pensar por nós mesmos. Nem sempre
ouvir aquilo que queremos é o que precisamos de fato. Vamos perder menos tempo
respondendo que Brasil queremos para o futuro e nos mexer para fazer e cobrar
no presente. Nada vem de graça.
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