O que te faz reluzir - Quebrando a banca

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lampada acesa

Assisti a um filme esses dias, um pouco antigo, confesso. No Brasil, chama-se “Quebrando a banca”, e você já deve ter pelo menos ouvido falar. A história toda é boa, mas me chamou a atenção em especial, a busca de um aluno por conseguir responder uma simples questão: O que te faz reluzir?

E então eu me senti de novo como se estivesse frente a banca. Me peguei sendo julgada, apontada e monitorada por olhos interrogativos. Me senti enrolada em pensamentos e com as palavras na ponta da língua se perdendo.

Eu não saberia responder o que em mim poderia reluzir. O que em mim diferenciaria de tantos outros. Não saberia disso antes que aquela banca mesmo me contasse. Mas, para que chegasse esse momento, muitos outros duvidosos deveriam se passar.

Lembrei de quando tive medo, muito mais do que era tomada pela insegurança. Me lembrei de quanto um amontoado de palavras escritas me valiam. Lembrei do medo de que as tomassem de mim.

Ser reconhecida em uma cidade com cerca de 13 mil habitantes, onde nasci, era relativamente fácil. Partir para outra com cerca de 500 mil habitantes, entrar em uma boa faculdade, em um curso onde as pessoas deveriam escrever muito bem e descobrir que escrevem melhor do que isso, esperar reconhecimento, é um tiro no escuro (e talvez eu ainda me sinta desconfortável no escuro).

Porém, eu não esperei. Poderia ter esperado. Sentada em uma das muitas cadeiras e me conformado com um lugar ao fundo. Ao contrário, abri caminho. Sentei bem à frente e decidi o quanto as palavras continuariam a valer.

Percorri o longo caminho e depois andei ainda mais. Não descansei aos domingos e feriados. Não me conformei com análises de obras prontas. Fiz as minhas. Li e reli tantas outras, comparei, jurei que nunca seria boa o suficiente, mas me surpreendi.

E afinal, o que é bom o suficiente? Bom o suficiente é você, onde queria estar, pensando onde quer chegar. Bom o suficiente é quando você não é capaz de admitir, mas aquele alguém em quem você se espelha te dá uma salva de palmas. Bom o suficiente é quando a banca te dá um unânime 10.

Eu sou, hoje, boa o suficiente. Amanhã, serei mais. E quando alguém perguntar o que me faz reluzir, não terei dúvidas em mostrar um amontoado de palavras, porque eu não desisti por elas. Você, se tiver os motivos certos pelo que seguir, também vai reluzir.

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