Os outros te olham como se a sua situação ruim fosse uma opção.
Como se estar desempregado fosse sinônimo de ser acomodado, como se ter um
cargo pouco rentável fosse sinônimo de ser incapaz. Mas, nunca vi alguém optar
por ser demitido em um momento de crise ou receber um salário baixo quando
poderia muito bem ter um aumento.
O que acontece de verdade é que, ao sair da faculdade, as pessoas
costumam acreditar que, em um balançar de canudos, chuvas de oportunidades
cairão diante de seus olhos. Assim, basta o formando esticar as mãos e agarrar
a que lhe interessar. Não é bem assim.
E, quando estas pessoas realmente conseguem um emprego, riem
dizendo que logo terão cargos e salários altos e serão livrados de seus
problemas. Mais uma vez, não é bem assim.
Muito conhecimento é adquirido dentro das faculdades, porém quase
nenhuma experiência acompanha o pacote. Pegar o diploma e abandonar de vez os
estudos pode ser o começo do seu fim.
Contudo, se desesperar não te levará a lugar algum. Você vai
escutar seus professores dizendo que você tem que agarrar à todas as
oportunidades logo de cara ou vai sair escolhido (E olha que tem gente
oferecendo oportunidade de estágio pra bacharel). Vai ver quem assiste de
camarote à sua vida chacoalhar a primeira fileira todas as vezes que te ver
fazendo qualquer coisa que não seja aquilo para que você estudou. Mas, vou te
contar um segredo: ninguém sabe o que é melhor para você a não ser você mesmo.
Um tanto clichê, mas real. Eu já disse não querendo dizer sim, já
disse sim querendo dizer não. Garanto que nenhuma das vezes foi menos dolorosa.
É preciso saber reconhecer quando algo não corresponderá aos seus conceitos,
principalmente no momento em que mais precisa, onde o errado lhe parece tão
certo.
Oportunidades se foram, outras vieram. Não me arrependo. O que não
pode é ficar parado reclamando ou deixando que os outros reclamem por você. Ninguém deve falar por você.
ESTAR desempregado não é o mesmo que SER desempregado. Estar em
uma posição menos favorável não quer dizer você não seja capaz de algo melhor.
São estados e estados são passageiros. Atualiza o LinkedIn e bola pra frente!
É aquela necessidade de ter tudo aos 20 e poucos anos que me pegou
novamente. Acredito até que isso possa ser descrito como ansiedade e você mesmo
já deva ter sentido.
Quando olha para o mundo a sua volta e percebe que metade dos seus
amigos está formado e ganhando muito bem na área que escolheram e, a outra
metade, você nem sabe o que faz pra viver porque têm férias durante mais dias
do que pode se contar em um ano.
E aí você volta os olhos pra dento de si novamente e pergunta:
onde é que eu estava quando o sucesso passou apressado e me esqueceu?
No entanto, se eu te perguntar agora qual o seu objetivo, você vai
vacilar. Vai pensar algumas vezes até enfim rir e dizer que quer ser rico.
Então eu direi: Tem certeza?
Você vai achar que estou maluca. Mas, não estou. E também não
estou falando somente sobre pensamentos bons atraírem coisas boas. Estou
atentando a um fato único. O foco é a principal ferramenta para o sucesso e se
você realmente quisesse ser rico, você seria.
Pessoas que pensam somente em dinheiro, trabalham para acumulá-lo
e investi-lo acima de tudo. Nada está em seu caminho. Não existe nada mais
interessante do que o seu objetivo, nem que seja pra deixar seus semelhantes em
situações ruins. Como exemplos, temos vários, entre eles Steve Jobs e Ray Kroc.
De qualquer forma, se o seu objetivo não for ter dinheiro sobrando
na conta, mas sim qualquer outro como ser famoso, possuir um cargo mais alto na
empresa ou mesmo algo simples como viajar de avião, você ainda têm que se
perguntar se realmente quer isso e o quanto está empenhado a conseguir.
As pessoas tendem a acreditar que só serão felizes quando
conseguirem aquilo que mais desejam e esquecem do que precisam abster ao longo
do caminho. Seria você capaz de abandonar qualquer coisa por um único objetivo?
E, no fim, teria valido a pena?
Você não precisa ter tudo aos 20 e
poucos e ainda não precisará ter tudo depois disso. Admirar a vida alheia sem
experimentar seus altos e baixos é ilusão. Talvez você ainda precise de um
objetivo, ou quem sabe, se livrar de alguns deles.
A chuva caia em pingos grossos, incessante, enquanto seus pés
encharcavam mais rápido do que ela poderia correr. Poderia, eu disse. Mas, não
corria. Andava tranquilamente como se o sol do verão ainda brilhasse sob nossas
cabeças. Nada a abalava. Nem mesmo o frenesi imposto pela barulhenta cidade
parecia ser capaz de mudar seu humor. Muito bom humor por sinal.
A cafeteria da esquina era sua primeira parada, em seguida, abria
a loja de badulaques que ficava alguns metros de lá. Nem sempre a abria no
mesmo horário e nisso todos sabiam que não era perfeita. Acredito que não se
importava tanto com horários quanto com a apreciação de um bom chocolate quente
pela manhã.
A loja permanecia frequentemente lotada e nenhum freguês conseguia
sair de mãos vazias. Observando por um tempo cheguei à conclusão: as pessoas
não iam apenas pelos objetos a venda, iam porque ela talvez fosse a única
palavra boa que ouviriam naquele dia.
Era uma pessoa iluminada e os demais, apenas perseguiam a luz.
Talvez se irritasse em algum momento, mas nunca vi. Esquecia dos próprios
problemas porque passava tempo demais preocupada com a aflição dos outros. E,
se gostava de um elogio, seu preferido era sobre a calmaria que conseguia
transmitir.
Ninguém poderia afirmar que era assim simplesmente porque a vida
tinha piedade e era exatamente “boa” com ela. Não havia qualquer pacto com o
destino para que soprasse ventos ao seu favor. Mas, era bem capaz de mudá-los
por conta. Não era de seu feitio ficar esperando algo cair dos céus e também
não era de reclamar se caísse, bom ou ruim.
Costumava dizer, em seus conselhos, que grandes planos decepcionam
e mentes pequenas não vão a lugar algum. Sonharia na medida certa. Tinha todas
as metas em uma lista presa por imãs na porta da geladeira. Não pegaria atalhos
e chegaria lá, apreciando a paisagem.
Assim, não faltaria ou sobraria tempo algum. Seria preenchida
senão pela satisfação do sucesso, pela coleção de histórias conhecidas. No
entanto, como certas coisas são inevitáveis, como expectadora arrisco que seria
inevitavelmente feliz. Pensamentos são altamente atrativos e a reciprocidade é
a lei da vida.
Eu agradeço pelas palavras que sempre
direcionou a mim e que me motivaram hoje e nos dias que o antecederam. Talvez
agora seja minha vez de dizer a única palavra boa que você vai ouvir, ou quem sabe, a sua vez. Não seja menos do que espera dos outros, não crie
expectativas nem as destrua, não engrandeça ou menospreze. Você não alcançará o que mais deseja, mas o que mais deseja te alcançará porque
você também pode ser luz.
Era teimosa e, no
interior, era tão teimosa quanto uma porta. Vivia para contradizer os outros
porque não acreditava facilmente em quase nada além de suas próprias verdades.
Talvez gostasse mesmo é de ser do contra.
Se diziam que tinha um
talento natural para matemática, pode apostar que escreveria um livro de
trezentas páginas banais só para provar que estavam errados. Escondia objetos
só pra dizer que não os viu. Pegava as roupas da irmã, que nem serviam, só pra
ver a outra ralhar.
E assim cresceu. Entrou
na faculdade. Foi estudar matemática, porém odiou chegar sempre aos mesmos
resultados que os colegas e desistiu. Foi estudar português e a reforma
ortográfica a condenou, trancou essa também. Se formou em artes (lá tinha
liberdade de expressão), mas foi trabalhar como secretária.
Conseguiu um emprego,
por causa de sua mãe, que era amiga de alguém que conhecia outro alguém. Não
era uma secretária comum, era pessoal. Um cargo de confiança.
Tinha tudo para ter um
bom relacionamento com todos na empresa, mas era teimosa demais para concordar
com qualquer coisa que não fosse a cor dos próprios sapatos. Discordava com a
data de entrega dos relatórios, com o método do sistema operacional que usavam,
com a posição da sua mesa, com a nova colega de trabalho e até mesmo com o
toque do telefone.
Não foi convidada para o
primeiro happy hour, nem para o segundo, em seguida perdeu as festas da empresa
e as reuniões importantes. Discordava em ser deixada de lado, mas era teimosa
demais para fazer qualquer coisa que pudesse mudar a situação atual.
Perdeu várias funções e
de secretária pessoal passou a ser somente vista como “a filha da amiga do
amigo do chefe”. De cargo de confiança à cargo de favor. Perdeu o respeito e
tudo o que viria com ele. Restou apenas o que sempre foi: a personificação da
teimosia.
Não tinha amigos e dava
pena. No entanto, como seria de outra maneira? Era rude e nunca se desculpava.
Julgava sempre estar certa. A única que ousava discordar de vossa autoridade
era a mãe. Em vão, pois a menina nunca admitia ser a causadora da própria
desgraça e as tentativas da mãe só fizeram culminar no afastamento dela também.
Eu poderia dizer que a teimosia dela teve fim, mas estaria
mentindo. O que teve fim foi a história, que só repetiu parágrafo após
parágrafo até deixar nossa protagonista na mais profunda solidão e revolta.
Quando alguém não consegue reconhecer seus erros, se fecha neles e os repete em reticências. Note que o “felizes para sempre” sempre vem antes do
ponto final.